Tampouco é uma história de sexo, apenas. As palavras de baixo calão pipocando sem sentido na sua tela, para emular a excitação instintiva de simplesmente falar – ou, no caso de vocês, de ler – palavras de baixo calão.
Eu encaro isso quase como um ensaio psicanalítico. O expurgo de sentimentos que tenho receio de contar para os meus melhores amigos mas que, paradoxalmente, me sinto a vontade de dividir com vocês.
Abri o Grindr como já fazia diariamente e, para a minha surpresa, uma cara nova aparecia entre as caras já conhecidas. “Cara nova” é força de expressão, já que a foto só mostrava um tronco fardado. Nunca tive fetiche por homens fardados, mas confesso que esse me chamou a atenção: talvez tenha sido a novidade da coisa ou, pensando com cuidado, a ideia que ele me passava.
No perfil apenas Sigilo 36. Sem indicação de intenções ou preferências, mas estava por perto, há 1 Km de distância. Naquele dia eu estava doido por uma mamada e confesso que me excitou imaginar um policial, com toda a sua autoridade inerente, babando no meu pau enrijecido. Arrisquei. “Oi,” foi o meu primeiro contato. “Oi, tudo bom?” “Tranquilo e vc?” “Sussa.” “Curte mamar?” “Sim.” “Pode agora?” “Posso. Mas tem que ser rápido, minha mulher está me esperando.”
Era casado. Todo o fetiche por homens fardados que eu não tinha foi automaticamente transferido para a conta do fetiche por homens casados. Eu entendia esse fetiche. Homens casados vêm junto com um certificado de hétero, que eles sacodem na cara dos gays para liberar seus feromônios. Não menos importante, tem o fator de corromper alguém que está preso por uma instituição fantasiosamente sólida, que é o matrimônio. Esta segunda motivação, creio eu, de raízes bem mais profundas que a primeira.
Mandei a localização. Ele estava de carro e chegou rápido. Desci pelo elevador e abri o portão do condomínio para ele. Para a minha surpresa, ele veio à paisana. “Mora sozinho?” ele perguntou. “Sim.” Tentei puxar um papo, mas ele foi monossilábico nas respostas. “Se você não me curtiu, pode falar de boas, não vou ficar chateado,” falei. “Não é isso.” “É a primeira vez que você faz isso?” “Não, mas sempre fico nervoso.” E ele deu um sorriso tão jovial, que os cabelos grisalhos ficaram obsoletos no papel de torná-lo maduro.
Fui em direção ao elevador mas fui detido por ele. “Vamos pela escada.” “Moro no oitavo andar.” “Perfeito.” No início não entendi o pedido dele, mas vai que ele era claustrofóbico… Somente quando alcançamos o quinto andar, foi que me dei conta que ninguém do meu prédio utilizava as escadas, a menos que o elevador estivesse inoperante. Quase que adivinhando o meu momento de iluminação, ele falou “Deixa eu te mamar aqui.” “Lá no meu apê é melhor, não? Sem perigo de sermos pegos…” “Aqui é melhor,” ele falou, dando um sorriso safado.
Meu pau endureceu na hora.
Me mantive no degrau mais alto, enquanto ele, alguns degraus abaixo, agarrou a ereção que já se fazia notar sob a bermuda. Ele abriu o meu zíper devagar e arrancou o meu pau do aprisionamento de tecido. Estava babando. Ele caiu de boca suavemente, fazendo o prepúcio rolar com toque dos lábios, expondo a cabeça do meu pau à sua língua quente.
Com habilidade, começou o vai e vem. Fiquei ali sendo mamado por um policial e falando as costumeiras palavras de incentivo “Mama, vai! Mama gostoso! Mama o teu macho!” Eu falava baixinho, com medo de ser pego em flagrante, medo este que também tornava a mamada ainda mais gostosa.
Ele era rápido e, enquanto o meu pau ia e vinha dentro da boca dele, sua língua se revirava lá dentro, amplificando o efeito do boquete. Lembro de ter pensado “Essa língua está indo aonde nenhum outro homem já foi.” No momento não percebi o ridículo que era pensar algo do tipo, numa situação como aquela.
Pus a mão na nuca dele para coordenar a mamada e, pondo a mão sobre a minha, ele fez um gesto para eu segurar os cabelos com força. Foi o que fiz. Enterrei o meu pau na garganta dele, enquanto ele engasgava e fazia a saliva viscosa rolar pelo meu pau e saco. Gostei daquilo e, ao mesmo tempo em que movia a minha virilha contra a boca dele, segurando os cabelos grisalhos, fazia a cabeça dele vir de encontro ao meu corpo. Sentia a respiração pesada dele quando o seu nariz tocava os meus pelos pubianos aparados. Uma profusão de saliva misturada com a baba do meu pau, foi lavando a minha região genital.
Agora ele lacrimejava. Os olhos voltados para cima, colados nos meus, me imploravam para parar. Eu parei. Ele limpou a boca com as costas da mão e disse “Por que parou?” “Achei que estava te machucando.” “Não foi o suficiente.” Não entendi nada e devo ter feito uma cara de que não estava entendendo porra nenhuma. Ele sorriu. “Bate na minha cara enquanto eu te mamo.” Fiquei atônito.
Na minha adolescência, durante os primeiros anos de experiências sexuais, eu fui passivo por um bom tempo. Existem estudos que falam que isso é comum quando se é mais novo. É por esta razão que eu me considero um bom ativo, pois eu sei como um passivo se sente. Na penetração, sei a hora que devo acelerar, levar o meu parceiro ao limite e então desacelerar ou mesmo parar, deixar o meu pau imóvel, latejando dentro dele, enquanto ele recupera as forças. Sei utilizar a anatomia do meu pênis para massagear a próstata do meu parceiro, apenas o suficiente para que ele chegue perto do orgasmo hands free. E sei alternar entre o carinho e a agressividade. Ou pelo menos eu achava que sabia.
Ele reiniciou a mamada, engolindo o meu pau até o talo e engasgando. O olhar de súplica dele ganhou outros ares para mim. Agora ele pedia para levar um tapa. “Me bate,” ele pedia com os olhos. E foi o que fiz. Então ele parou de mamar e falou puto “Me bate feito homem, porra!”
Sempre tive receio do sadomasoquismo sexual. Nunca entendi bem o que motiva alguém a fazer o parceiro sofrer e o que motiva alguém a querer esse sofrimento. Como a dor poderia ser excitante? A verdade é que a dor tem um relacionamento simbiótico com o prazer. A dor não é só dor. É também o prazer que a precede e que a sucede. Talvez você perceba que o prazer também opera pelo mesmo mecanismo.
Com uma mão, agarrei os cabelos dele e fiz o policial engolir o meu cacete. Com a outra, dei um tapa com todas as minhas forças, nem ligando se seríamos descobertos. Ele começou a mamar enlouquecidamente. “Mama esse caralho, puto de merda, mama direito ou vai apanhar.” Senti o dente dele tocar a cabeça do meu pau. Acho que foi de propósito. Dei outro tapa. No rosto dele já dava pra ver a lembrança da minha mão. Ele melhorou o boquete.
Segurei ele pelas orelhas e fiz o ritmo que eu queria, ele caiu ajoelhado no degrau, completamente entregue. Ele engasgava, as lágrimas rolavam e eu socava na boca dele sem dó. “Vou gozar,” falei. E de repente me ocorreu dizer “e você vai beber tudinho!” Ele parou de mamar e falou “não cara, por favor, não faz isso comigo, não!” Por um momento realmente achei que ele estivesse pedindo de verdade. Dei um tapão na cara dele e disse “Cala a boca e faz o que eu mando!” Forcei a mamada e ele relutou, mas eu impus a minha vontade e ele teve que aceitar.
Mais rápido do que pude perceber, estávamos exercendo os nossos papéis. Eu era a autoridade ali, não ele. Ele sabia disso e gostava. Eu sabia disso e não sabia se eu gostava. Eu tinha medo.
Fiz ele mamar o mais rápido que eu pude e anunciei “Vou gozar, bebe tudo! Vou gozar, vou gozar…” o meu pau encaixou na garganta dele, goela a baixo, e lá eu despejei os jatos de porra “Engole, engole!” Obediente ele engoliu, os olhos vermelhos vidrados em mim.
Depois que gozei ele quis parar, mas falei “Deixa o meu pau limpo, caralho!” Então ele mamou até que não tivesse mais nenhum resquício de porra.
Quando terminou, ele limpou a boca, sorriu olhando pra mim e disse “você é foda, cara!”