Guilherme saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura. Os cabelos pingando água, descalço, ia deixando para trás gotículas que caíam no piso, marcando o caminho por onde passava. Parou em frente ao espelho, pegou um pente e penteou os cabelos molhados, jogando para trás a água armazenada entre os fios, que respingou por todos os lados e com a ponta dos dedos organizou o cabelo como melhor lhe convinha.
Em poucos instantes uma nuvem saiu de um spray, recendendo no quarto o aroma do perfume e caiu por todo o corpo. Guilherme se mirou no espelho, conferiu a pele do rosto, os dentes, passou a mão lentamente pelo peito peludo, observando através espelho, como se estivesse sendo acariciado por uma outra pessoa. Pegou um creme, despejou uma pequena quantidade na mão e passou de leve no pescoço, no rosto, nas mãos, voltando novamente a acariciar o peito e a barriga, até que por fim desatou a toalha, deixando-a cair, revelando uma semi-ereção que ele contemplou detalhadamente.
Guilherme era muito vaidoso, sempre se preocupava com o corpo, malhando sempre e procurando manter a pose de galã, chamando a atenção das colegas de faculdade, onde sempre se sentia observado por alguém. Isso o envaidecia, fazia-o perder algum tempo em frente ao espelho, quando se perfumava exageradamente e acabava se sentindo atraído por si mesmo. Às vezes pensava que estava sendo acariciado por outras mãos, quando de olhos fechados podia sentir prazer ao ser tocado.
Algum tempo depois, quando se deu por preparado, Guilherme pegou uma mochila, uma chave que estava sobre uma mesinha e saiu. Abriu a porta da rua e em pouco tempo o carro saía pelas ruas, rumo à faculdade.
Na sala de aula, tudo tranqüilo, normal, sem nenhuma alteração, até que Guilherme se deu conta de que estava sendo observado. Sentado à sua frente, no outro canto da sala, na última carteira, um colega olhava insistentemente para Guilherme, que só percebeu porque o professor dirigiu uma pergunta à turma, que nada respondeu.
Guilherme procurou não concentrar a atenção no rapaz, mas sempre que olhava para ele seus olhares se cruzavam. Em um certo momento Guilherme pensou ter o colega piscado os olhos para ele. Não, não era um sonho ou impressão, o rapaz havia mesmo piscado os olhos, repetindo o gesto por algumas vezes mais.
O rapaz, que coincidência, naquele dia havia observado e até mesmo acariciado o próprio corpo, se viu admirado por um outro homem, que o deixou bastante abalado. Os olhares continuarem se cruzando, e como Guilherme insistia em olhar, curiosamente para o colega, este pensava estar sendo correspondia, e prosseguia nas investidas.
O professor expunha a matéria sem dar conta do que estava acontecendo entre os dois alunos, até que por fim a aula terminou e Guilherme saiu apressado, temendo olhar para trás e ver o colega novamente, ou ser seguido por ele.
Era tarde quando finalmente Guilherme novamente entrou em seu quarto. Colocou a mochila em um canto, organizou rapidamente, e como pôde suas coisas e se despiu para dormir. Ao passar apenas de cueca em frente ao espelho a imagem do colega de classe lhe veio novamente à memória. Parecia sentir aquele olhar no seu corpo peludo, malhado, tórax avolumado, braços musculosos, mãos grandes, coxas grossas. O olhar lhe percorreu o corpo, observando cada detalhe, como se buscasse uma explicação ou justificativa para o colega ter olhado para ele daquele jeito.
Guilherme deitou de costas e ficou pensando no que havia acontecido. Depois de ter se relacionado com várias mulheres e possuir um porte físico que despertava a atenção das mulheres, sentiu-se encabulado em ser admirado por um outro homem, e o que deixava-o ainda mais perturbado era justamente estar dando importância ao fato, chegando até mesmo a duvidar de sua masculinidade. Perturbado, pegou o telefone e discou um número:
__ Alô, Fabrício? __ perguntou.
Em poucos instantes comentou com o amigo o que havia acontecido. Estava muito confuso e não entendi porque considerava tanto o fato de ter sido observado daquela forma naquele dia. Fabrício procurou entender o amigo, depois ironizá-lo, dizendo que estava virando a casaca. Para aliviar um pouco a tensão, Fabrício convidou Guilherme para uma festinha no final de semana. Poderia tirar as suas dúvidas com a meninas que estariam na festa e assim esquecer aquele episódio.
Guilherme desligou o telefone, apagou a luz e se preparou para dormir, mas a imagem do colega insistia tanto em lhe perturbar que, associado ao escuro do quarto, sentir um forte tesão e não tardou muito a começar a se masturbar pensando no tal rapazinho.
O lençol foi jogado para um lado, e de barriga para cima, Guilherme acariciava o pênis, fechando os olhos de prazer, imaginando cenas com o colega. Alguns instantes depois ejaculava sobre o peito, deixando os pelos melados pelo esperma. Guilherme parou, fechou os olhos e respirava sofregamente, cansado, sendo obrigado a se levantar e ir ao banheiro tomar banho. Voltou para cama relaxado. Dormiu.
Guilherme era um rapaz tranqüilo, vivia cercado de amigos, conquistados pelo seu jeito alegre e brincalhão, irônico e aparentemente, sempre animado. Ficar grilado com um rapaz olhando para ele foi uma surpresa, talvez por ser a primeira vez que prestara atenção em um homem olhando-o daquele jeito, o que, inegavelmente deixou-o encabulado, e de certa forma despertara um certo interesse pelo olhar do colega.
Para se tranqüilizar e se afirmar como um homem Guilherme aceitou a idéia de ir à tal festinha, a convite de Fabrício, o que poderia tirar de sua cabeça de uma vez por todas aquela imagem que o martirizava.
O resto da semana parecia voar, e para sua alegria o tal colega faltou à aula por dois dias seguidos, e no sábado aconteceria a festa, reunindo na casa de um amigo a turma da faculdade.
Por volta das nove horas, no sábado, os convidados começaram a chegar, e em pouco tempo a casa se encheu. Todos queriam falar ao mesmo tempo, formando vários grupinhos que conversavam alto por causa do som, que impedia que falassem num tom mais razoável. Casais se formavam dançando, bebendo, gargalhando e se amassando nos cantos, nas paredes, e até mesmo debaixo das árvores no jardim.
A animação era geral, e quando já estavam todos embriagados era comum ver casais transando pelo gramado ou pelos cantos, onde pudessem encostar. Guilherme também não perdia tempo e procurou cumprir o propósito de sua ida até ali. Encontrou uma garota e entrou no embalo da festa. Se dirigiram para um canto, próximo à piscina, onde recostaram em um banco de madeira, a princípio sentados na grama, mas em pouco tempo já estavam deitados e também transavam. A menina insistia em dizer que não queria, que nunca havia feito aquilo e que não planejara assim, daquela forma. Guilherme parecia não ouvir, o tesão era maior que a razão, e alguns instantes depois a garota estava semi-nua, envolvida em carícias que a deixavam sem controle, se entregando a Guilherme, que lhe proporcionava um prazer louco. Mesmo depois de tudo consumado, ela admitiu ter gostado, mas reafirmava a posição de não ter planejado daquela forma, mas algum tempo depois faziam tudo novamente, o levantava o ego do rapaz, que já se achava o garanhão da noite.
Ela deu uma desculpa e saiu, ia beber alguma coisa, deixando-o sozinho. Guilherme deitou de barriga para cima, a camisa aberta, o peito exposto, a calça ainda desabotoada, apenas de cueca, olhava o céu estrelado, pensando no que havia acabado de fazer ali.
Uns gemidos e sussurros chamaram a sua atenção. Ele parou, prestou atenção de onde vinham. Sentou-se na grama, abotoou a cala e a camisa e olhou em uma certa direção, distinguindo o vulto de duas pessoas, uma de pé e a outra ajoelhada, em movimentos que lhe chamaram a atenção.
Ele levantou-se, caminhou sorrateiramente até a uma pequena árvore, de onde observou melhor o que acontecia. Eram dois colegas da faculdade numa cena que para ele não era novidade, mas a primeira vez que via acontecendo.
__ Rodrigo e Eduardo! Não pensava que fossem gays...! __ pensou ele.
Rodrigo, o mais alto, estava de pé, sem camisa, calças descidas, segurando a cabeça de Edu, que estava ajoelhado à sua frente, num desenfreado sexo oral. Guilherme observava os movimentos da boa de Edu que parecia engolir todo o membro do colega, e depois devolvê-lo novamente. Rodrigo abria as pernas para facilitar os movimentos e para uma melhor penetração da cabeça do amigo. A língua de Edu percorria o membro de Rodrigo, que gemia e sussurrava alguma coisa. Guilherme permanecia intacto, sem saber o que fazer, mas atraído pelo que via. Se por um lado era curioso, e chegou até mesmo a sentir desejo de entrar no meio dele, por outro ele preferiu ficar quieto, enquanto Rodrigo fazia movimentos alucinantes, segurando com as duas mãos a cabeça de Edu.
Súbito Rodrigo urrou alto, firmou-se no rosto do amigo, que parecia ter-lhe engolido o membro. Guilherme observava. Os dois nem davam conta que alguém os via, ou ignorava. Rodrigo afastou-se de Edu, segurou o pênis entre os dedos e apenas gemeu:
__ Nunca gozei tão gostoso! Você faz um boquete maravilhoso, adorei, cara.
Edu sentou-se na grama, olhou o corpo de Rodrigo que ajoelhou-se ao seu lado, fez-lhe um carinho, se beijaram, e Rodrigo falou:
__ Nossa festa começou agora, ainda quero muito você hoje, tá?
Edu sorriu. Abraçaram-se, beijaram-se.
Como Rodrigo ameaçava sair, Guilherme afastou-se, temendo atrapalhar a concentração dos dois.
De uma certa forma o que vira serviu para tirar o peso da consciência de Guilherme, que agora passava a desejar que alguém lhe fizesse o mesmo, e a imagem do colega da classe lhe veio à memória, porém não tão perturbadora, mas, de certa forma até atraente.
Não soube o que Rodrigo e Edu fizeram depois do que assistira entre eles. Guilherme voltou para casa. Era madrugada de domingo.
O que Guilherme não poderia ter imaginado é que a festa surtiu efeito contrário. Ao invés de sentir que de fato não sentia atração pelo colega de classe, voltou mais sensível ao olhar, não só do colega, mas de outros, que insistiam em apreciar o seu corpo.
Na segunda-feira, ao chegar na faculdade, Guilherme sentou-se, não de costas, mas de lado, de forma a ter uma visão geral dos colegas. Naquele dia ele parecia ainda mais sedutor, caprichara no penteado, no perfume e na roupa, exibindo os músculos bem definidos, sendo logo notado pelo colega.
Para própria surpresa, quem dirigiu o primeiro olhar para o colega foi Guilherme, que não foi difícil encontrar os olhos de Tony, que piscaram para ele. Guilherme sorriu, retribuindo a piscadela, o que deu a Tony a certeza de que poderia investir, principalmente depois que o colega se ajeitou na cadeira, ficando de frente para ele, abrindo um pouco as pernas e se exibindo, deixando-o desligado da aula.
Tony deu um tempo e saiu da sala, passou por Guilherme e deu uma piscadinha sacana, abrindo a porta e saindo da sala. Guilherme sacou tudo e alguns instantes depois se encontraram no banheiro.
Quando Guilherme entrou Tony secava as mãos em uma toalha de papel. Com os olhos fixos no colega, Guilherme se dirigiu a um mictório. Tony não tirava os olhos do membro ereto de Guilherme, que permanecia de pé, olhando-o, como a convidar Tony para apreciar ainda mais seu corpo, o que ele não resistiu, e em pouco tempo pegou carinhosamente o pau de Guilherme, friccionando-o levemente. Guilherme passou a mão na bunda de Tony, que se aproximou de Guilherme:
__ Aqui é complicado, vamos sair depois da aula __ disse Guilherme, receoso de serem apanhados naquela cena.
Tony sorriu:
__ Onde você quer ir? __ perguntou.
__ Não sei! Quer ir à minha casa?
Não houve resposta. Voltaram para a sala. Esperariam a aula terminar, continuariam com os olhares e os flertes. Poderiam até ser percebidos.
O restante da aula parece ter demorado mais que o normal, mas os dois se mantiveram firmes, discretos, sem dar muita bandeira, até que Guilherme ficou de pé, fez um sinal para Tony e saiu.
Em pouco tempo se encontravam na portaria da faculdade, e sem dizer uma palavra Guilherme se dirigiu ao estacionamento, onde Tony foi encontrá-lo em poucos instantes.
Parecia mesmo que não tinham assunto. Guilherme abriu a porta para que Tony entrasse e andaram por um bom trecho até que arriscassem um argumento para matar o silêncio. Falaram da aula, das matérias, de futebol, de várias coisas simultâneas como se o motivo que os conduzia fosse um trabalho escolar ou um encontro com amigos.
Quando o assunto parecia ter se esgotado, Guilherme passou a mão na perna de Tony e disse:
__ Então, gostou de mim?
Tony apenas olhou-o, sem nada dizer. Estavam chegando. Entraram na garagem do prédio, e alguns instantes depois saíam do elevador e entravam no apartamento de Guilherme.
Entraram. Guilherme fechou a porta e Tony foi sentar-se em uma poltrona.
__ Bebe alguma coisa? __ perguntou Guilherme.
Tony aceitou água. Enquanto Guilherme foi buscar a água, Tony observava cada detalhe da casa, simples, bem decorada, e tudo muito bem colocado, cada coisa no seu devido lugar. Na parede uma foto de Guilherme despertou a atenção de Tony.
__ Ele é bem mais lindo que eu imaginava __ pensou.
Guilherme aparece na frente de Tony com o copo d'água na mão, e antes que Tony pegasse o copo, não pôde deixar de olhar para o colega, que aproveitou a ausência e apareceu apenas de short. Ao entregar o copo para o colega, Guilherme prendeu-lhe o dedo entre os seus. Tony tomou a água e ao devolver o copo para Guilherme, este percorreu-lhe as mãos espalmadas pelo seu rosto. Respirou ofegante. Tony não perdeu tempo, acariciou a barriga e o peito peludo de Guilherme, que se posicionou de frente ao colega, que descias as mãos, tocando-lhe o pau, duro como uma rocha.
Enquanto era acariciado, Guilherme tirava a roupa de Tony, que também lhe puxou o short, deixando-o totalmente nu em sua frente. Tony acariciava o pau de Guilherme, friccionando-o para frente e para trás, sentindo o cheiro e o calor que exalava do corpo do rapaz.
__ Chupa, vai! __ pediu Guilherme.
Tony remexeu no bolso da calça e retirou uma camisinha, que logo vestiu no pau de Guilherme:
__ Chupar de camisinha? __ indagou Guilherme __ É o mesmo que chupar bala com o papel...
Tony olhou-o:
__ É segurança para nós dois. Sem camisinha não dá pra relaxar.
__ Mas é um saco. Confia em mim, vai, eu não tenho muitos parceiros.
Tony acariciou levemente o pau de Guilherme, já com a camisinha:
__ Eu posso confiar em você, Guilherme, mas não nas pessoas que transam com você. Afinal, não faz muita diferença, é melhor prevenir agora que lutar contra o mal depois. Será bom para nós dois, e muito mais gostoso.
Guilherme sorriu, afagou o rosto de Tony:
__ Vai cara, mete bronca, então, chupa gostoso que eu quero gozar em você.
Guilherme segurava o rosto de Tony entre suas mãos, enquanto este passava a língua lentamente em seu pau. Num instante Tony abocanhou o pau de Guilherme, engolindo quase que a metade, percorrendo a língua por toda a cabeça. O tesão era muito, Guilherme gemia, agarrava o colega que continuava chupando, levando-o à loucura. As mãos de Tony percorriam as pernas grossas e peludas de Guilherme, enquanto este procurava ajeitar melhor o parceiro nas investidas.
Guilherme ficava olhando como o colega lhe chupava , engolindo o pau, exatamente como presenciara Rodrigo e Eduardo fazendo na festa.
Em poucos instantes estavam no tapete, Tony sentado e Guilherme ajoelhado na sua frente, enquanto era chupado freneticamente. Guilherme estava arrepiado, a boca de Tony engolia todo o seu membro, deixando-o ainda mais excitado.
Guilherme jamais imaginaria que aquilo fosse acontecer com ele, que era muito seguro de sua masculinidade. Olhando a boca de Tony lhe envolvendo todo o pau deixava-o ainda mais excitado.
Tony deitou de costas como querendo descansar um pouco, mas Guilherme estava muito excitado, e não perdeu tempo. Levantou as pernas do colega e começou uma penetração lenta, sem pressa. Tony acariciou-lhe os braços e logo Guilherme se envolvia num alucinante beijo, enquanto penetrava o colega, levando-o ao delírio. Tony gemia, principalmente quando Guilherme percorria a língua em sua orelha, o que ele correspondia com afagos na nuca, apertando o parceiro para junto de si.
Beijavam-se alucinadamente quando Guilherme gozou, apertando o corpo de Tony, penetrando ainda mais a língua na boca do parceiro, que abraçava-o carinhosamente. Guilherme soltou o peso sobre o colega, que aconchegou-o num abraço carinhoso.
Já refeito, Guilherme virou-se de costas, colocando Tony deitado por cima, Acariciava as costas de Tony, quando falou:
__ Você me fez gozar gostoso!
Tony apenas sorriu. Foram ao banheiro, tomavam banho quando se envolveram novamente em um abraço carinhoso, delirante.
A noite para Guilherme foi de descoberta, o que deixou-o muito surpreso ao se pegar agindo e se comportando como nunca pensara antes. Nunca se imaginara transando com alguém do mesmo sexo, e a primeira vez proporcionou-lhe um prazer imenso. O preservativo também foi uma novidade, pois até àquele momento não havia usado camisinha em seus relacionamentos, mas foi através de Tony que ele descobriu o prazer no sexo seguro, sem traumas, culpa, dúvidas ou temores.
Aquela noite foi muito agradável. Puderam conversar e se conhecer melhor, ir além do que sabiam na faculdade. Guilherme entendeu melhor o sentimento de Tony, e com quem, a partir daquele dia, passou a ter uma amizade muito sincera e o fim dos preconceitos, que até aquela data distanciavam Guilherme das pessoas que tinham opções de vida diferentes.